A Revolução Francesa é uma narrativa da luta do povo para recuperar seus principais direitos começando por Paris e invadindo o país em um todo. Confira os primeiros estágios dessa luta histórica.
Antes de entender como a Revolução Francesa aconteceu precisamos compreender como funcionava a sociedade francesa naquela época. Primeiramente, vamos falar sobre o sistema político francês que era monárquico absolutista. Isto é, a França era governada plenamente pelo rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta da Áustria.
O casamento de Luís XVI com Maria Antonieta tinha um forte significado para a monarquia da época, uma vez que visava estreitar os laços entre as duas famílias.
Neste Resumo vamos compreender melhor com funcionava a sociedade, as etapas e as consequências que a Revolução Francesa causou no país.
A Revolução Francesa e a sociedade da época
O casamento de Maria Antonieta e Luís XVI passou por sérios problemas conjugais pela demora para terem um filho. Sobretudo, isso era de grande importância para a época. Então, essa situação afligia a realeza e na população surgia os primeiros rumores sobre o assunto.
Com isso, comentários e piadas vindos da população eram recorrentes sobre o casal real. Além disso, a França passava por momentos complicados os quais agravava ainda mais a situação. Mesmo a França sendo um dos países mais ricos do mundo nesta época.
No entanto, a sociedade francesa vivia repleta de desigualdade, onde os mais ricos não pagavam impostos, e os impostos sobravam para os pobres que viviam a margem de uma sociedade cheia de miséria e fome.
A desigualdade se manteve por anos, com a população lotada de impostos para pagar e mal tendo o que comer. Para entender melhor a sociedade francesa da época, era uma pirâmide conflitante e cheia de lacunas sociais.
Veja a explicação e o desenho a seguir!
Os três Estados da França Medieval
Resumindo, a sociedade francesa funcionava da seguinte maneira: Pense em uma pirâmide como na imagem acima.
Em primeiro lugar o Alto Clero, conhecidos como Primeiro Estado. Em seguida, ocupando o segundo lugar vinha a nobreza, sendo eles o Segundo Estado. E por fim, 98% da população francesa ocupando o lugar mais baixo dessa pirâmide, o Terceiro Estado.
Uma vez que este último estado era formado por camponeses, burgueses, comerciantes e os artesãos. Os trabalhadores em geral, aqueles pagadores de impostos exigidos pelo rei, ou seja, a parcela mais pobres da sociedade.
O Rei Luís XVI gostava de festas, roupas elegantes de grifes e boa comida. Além disso, parecia não estar nem aí para a população mais pobre. Acontece que no decorrer de seu governo a França perde a Guerra dos 7 Anos para a Inglaterra e a calamidade da populção aumenta.
E, além disso, a França tinha gastado uma grande parcela de dinheiro ajudando os Americanos com a Guerra da Independência. Isto é, os franceses estavam arruinados, economicamente falando.
Quer mais prejuízos?
França perdeu também suas colônias na América do Norte, todavia, o país não estava indo nada bem no reinado de Luís XVI. O povo Frances passava fome e vivia na miséria, com a inflação nas alturas. Enquanto os nobres … ostentavam uma vida de luxo.
Juntando tudo isso, o povo já não aguentava mais, sobreveio as ideias iluministas. Pensadores como John Locke, Voltaire, Jean Jacques Rousseau, bem como Montesquieu começaram a fazer a cabeça da população francesa na época.
E foi aí que a ideia de uma revolução começava a surgiu no reino francês.
Ideias iluministas que influenciaram a Revolução Francesa
Para resolver a crise financeira da França aconteceu a Assembleia dos Notáveis, onde o rei tentou introduzir impostos para os dois primeiros estados, o que não deu muito certo.
Clero e Nobreza não pagavam impostos e tinham diversos privilégios que o resto da população não tinha. Sobretudo, isso começou a irritar os 98% da população constituída, como já dissemos, pelos burgueses, camponeses e comerciantes que estavam em situação de fome e miséria.
Em seguida outra reunião aconteceu, a Assembléia dos Gerais, com a participação dos três Estados juntos, mas também não aconteceu nenhuma mudança significativa.
Isto porque, o Primeiro Estado se juntava ao Segundo Estado nas votações e quem saia perdendo era o Terceiro Estado, como sempre. Até que um dia na Assembleia dos Gerais uma figura importante surge, Maximilien François Marie Isidore de Robespierre. Vocês ainda ouvirão muito falar dele nesse episódio da história francesa.
Robespierre, surgiu na reunião manifestando suas ideias radicais. O advogado foi um dos principais que atuaram ao lado dos revolucionários na Revolução Francesa, chamado por todos de “O Incorruptível”. Mesmo assim, os Estados não conseguiram chegar a acordo algum.
Foi quando o Terceiro Estado começou a fazer suas próprias reuniões, nomeadas por a Assembleia Nacional. E foi aí, que iniciaram as principais etapas para que a Revolução Francesa acontecesse.
Etapas cruciais para a Revolução Francesa
1. Assembleia Nacional
Em 10 de julho de 1789 foi promovida a primeira Assembleia Nacional feita somente pelo Terceiro Estado. Uma assembleia do povo, conduzida por Emmanuel Sieyes. E foi, então, que no decorrer das reuniões, organizadas pela população, que ela faz o Juramento do “Jogo da Péla“, um marco inicial da Revolução Francesa, em 20 de outubro de 1789.
A população já estava com as ideias iluministas na cabeça, então começaram a analisar e questionar o sistema político que eles viviam na França. Questões como o poder da Igreja sobre tudo, a aristocracia francesa contaminando todo o país, o rei com seu poder absoluto etc.
Entre outras coisas, estas eram as principais pautas das reuniões do Terceiro Estado. Mas, as assembleias não deram nenhum fruto para o povo, que voltava a estaca zero e nada mudava. A população começou se questionar sobre o que poderiam fazer a respeito de tudo isso.
2. Criação da Guarda Nacional
O Rei desconfiado fez com que as reuniões se tornassem clandestinas, mas o forte significado do Juramento de Jogo de Péla se fez real. Nesse sentido, a população tinha como meta fazer as reuniões acontecerem até o dia em que a França tivesse uma lei e sua própria constituição.
O Rei ficou ainda mais preocupado com as tais reuniões acontecendo, mas principalmente pelas ideias iluministas que começaram a se fortalecer. Contudo, o temor do Rei fez com que ele demitisse o primeiro ministro, Jacques Necker, por ser a favor do povo.
No entanto, foi neste momento que a população começou a temer por retaliações, já que Necker tinha sido demitido, e ele era a única ponte entre a população e o Rei.
Com isso, os revolucionários criaram uma guarda formada por civis e algumas pessoas que faziam parte da guarda francesa. Surgiu então, a Guarda Nacional para fortalecimento da população revolucionária.
3. Revolução Francesa e a queda da Bastilha
A formação da Guarda Nacional foi uma etapa importante da Revolução Francesa, pois, foi essa a fase em que a população estava armada e posicionada para a guerra.
Com as armas em punho, mas sem munição, os revolucionários da Revolução Francesa iniciaram um plano para atacar a Bastilha. Sobretudo, era lá que se encontrava toda a munição que precisavam.
Ou melhor dizer, tudo o que eles precisavam para começar a luta. Além disso, Bastilha era uma prisão e um símbolo do poder da monarquia na França.
Então, a tomada de Bastilha pela população, em consequência da grave crise que se instalava na sociedade do século XVIII, é, até hoje a concretização da Revolução Francesa.
Logo, isso se espalhou por toda França e o poder exercido pelo povo estava sendo materializado. Contudo, a monarquia ficou assustada com o poder dos rebeldes, que mataram todos os guardas da Bastilha e destruíram o monumento por completo.
Foi nesse mesmo período que a atual bandeira da França, aquela que conhecemos hoje, foi reorganizada com as três cores principais: bleu, blanc e rouge.
Sendo que, o azul e o vermelho representam as cores de Paris, enquanto o branco representava a monarquia francesa. Mais um símbolo da Revolução Francesa e sua origem .
4. O Grande Medo
O Grande Medo foi um momento crítico para os nobres franceses, pois com a evolução da Revolta Francesa os camponeses começaram a atacar, invadindo castelos e matando os senhores feudais. Com isso, muitos deles fugiram para outras partes da Europa e o feudalismo foi abolido do país (1789).
5. Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Liberté Égalité Fraternité)
A partir disso, foi publicada a declaração do direito do homem e do cidadão baseado nos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Na história da França essa frase foi crucial em diversos momentos durante e após a revolução.
6. Surgimento da Assembleia Nacional Constituinte
O poder se dividiu, e a Assembleia Nacional que tinha sido inaugurada em junho de 1789 por Emmanuel Sieyes, se torna a Assembleia Nacional Constituinte. Entretanto, a liberdade de imprensa também se fortaleceu e os veículos de comunicação da época trouxeram ainda mais visibilidade e força para a população.
Jornais como O Amigo do Povo – L’ami Du Peuple foram cruciais para a Revolução Francesa se proliferar ainda mais. Mesmo com tudo isso acontecendo, o povo francês ainda estava passando por diversas dificuldades e a fome ainda era um assunto pautado naquele momento.
Sendo assim, a revolta do povo se intensifica, pois a ideia clara de liberdade, igualdade e fraternidade ia além de somente sangue e guerra. O povo queria igualdade estabelecida em lei, um sistema econômico sustentável que acolhesse a população e o fim de tanta opressão por parte da monarquia.
Contudo, o Rei foi obrigado a deixar o Palácio de Versalhes e mudar-se com sua esposa para Paris. E assim ficar mais próximo da população e dos olhos dos revolucionários. A revolução sacudiu tudo até o topo da sociedade francesa, o Clero.
Agora eles é quem obedeciam as normas da população, pois ela é quem mandava e estava no poder. Todos os bens da igreja fora confiscados e o Rei, por sua vez, era vigiado dia e noite pela população.
Quais as consequências da Revolução Francesa?
Neste momento tudo eram flores para o povo francês, mas eles ainda queriam uma monarquia que funcionasse. Eles queriam ir muito mais além disso, transformar a monarquia em algo bem diferente e legítimo do que era a antiga.
Então, retiraram os títulos da nobreza e fizeram mudanças importantes na sociedade. Além disso, tiraram o poder absoluto do Rei e colocaram a monarquia no lugar dela.
Em outras palavras, o Rei agora tinha que seguir as regras de uma constituição. Pois, a França tinha um parlamento para aprovar todas as leis impostas, e não era somente a palavra do Rei que importava mais.
Em 14 de julho de 1790 acontecia a celebração da Constituição Monárquica. Sendo assim, a França tinha os poderes todos separados e em seus devidos lugares.
Nesse sentido, a França era um país com uma constituição bem planejada, a Constituição Monárquica, criada através da Revolução Francesa.
Esta primeira constituição nasceu em outubro de 1791 e foi criada também a primeira Assembleia Legislativa. No entanto, a França ainda estava quebrada, porém as mudanças significativas aconteceram e o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade seguiram em frente e é lembrado até nos dias hoje.
Gostou? Não perca nossa segunda parte: ➥ A Revolução Francesa: resumo após a tomada do país
Boa leitura!